Referência no Futebol Feminino brasileiro por mais de uma década, o Avaí Kindermann atravessa um dos momentos mais delicados de sua trajetória. A equipe se despediu da Copa do Brasil, nesta terça-feira (6), ao ser goleada por 4 a 0 pelo Palmeiras, em casa.
Crise financeira e risco de W.O.
A eliminação acontece em meio a uma grave crise financeira. O elenco acumula salários atrasados desde fevereiro, com valores parciais e integrais em aberto.
A situação chegou ao ponto de haver risco de W.O. nesta semana. O clube afirmou que deve regularizar os pagamentos “nas próximas semanas”.
Desempenho irregular em campo
Dentro de campo, a temporada é de resultados instáveis. No ano passado, o time foi rebaixado da Série A1 do Campeonato Brasileiro com uma rodada de antecedência, somando apenas sete pontos.
Disputando a Série A2, em 2025, ele somou cinco derrotas e apenas duas vitórias em sete partidas. Com os resultados, não avançou para as fases classificatórias e terminou o torneio na parte debaixo da tabela.
No Campeonato Catarinense, por outro lado, o Avaí Kindermann começou com duas vitórias e tenta manter a hegemonia estadual. Em 2024, levantou mais um troféu da competição, que domina há anos: são 15 títulos ao todo.
Uma história de protagonismo
A história do clube começa em 1975, com uma equipe masculina em Caçador (SC). Em 2004, o foco mudou: o time passou a investir no futsal feminino e, logo depois, no futebol de campo.
A estreia nos gramados foi avassaladora. Em 2008, o time catarinense venceu o estadual e chegou até a semifinal da Copa do Brasil, revelando sua vocação para o protagonismo.
Vieram o vice-campeonato brasileiro em 2014 e em 2020, o título da Copa do Brasil em 2015 e a consolidação como uma das forças do país, principalmente como revelação de atletas. Nomes de peso como a goleira Bárbara, então titular da Seleção Brasileira Feminina, vestiram a camisa do time entre 2017 e 2021.
A tragédia que paralisou o projeto do Avaí Kindermann
Mas nem só de glórias vive a equipe. Em dezembro de 2015, uma tragédia interrompeu o projeto. O técnico Josué Henrique Kaercher foi assassinado por Carlos José Correa, ex-treinador de um time de futsal ligado ao mesmo grupo. Abalados, os dirigentes decidiram paralisar as atividades.
O retorno aconteceu cerca de um ano depois, com elenco reformulado e o comando de Jorge Barcellos, ex-treinador do Brasil. Em 2019, veio a parceria com o Avaí, obrigatória por conta das regras da CBF para clubes da Série A masculina. Desde então, o time passou a mandar jogos tanto em Caçador quanto em Florianópolis.
Agora, porém, o futuro é incerto. Sem estrutura e com dívidas salariais, o clube vive dias de tensão. E se antes representava o avanço do futebol feminino, hoje escancara o abandono de um projeto que já foi exemplo no país.