Por trás dos grandes momentos do futebol, há sempre alguém com a câmera na mão. O fotógrafo é o responsável por capturar sorrisos, lágrimas, gols e emoções. No Flamengo, esse olhar atento também está presente no futebol feminino, onde as lentes registram não só as jogadas, mas o crescimento e a representatividade dentro de campo.
O Campo Delas conversou com a fotógrafa oficial do clube, Paula Reis, que compartilhou os bastidores do trabalho, os desafios e a satisfação de eternizar cada capítulo dessa trajetória rubro-negra.
Como começou?
O olhar dela como fotógrafa começou nas arquibancadas do Maracanã.
“A fotografia vem um pouco através do Flamengo. Quando o Maracanã volta abrir após as obras, praticamente todos os jogos eu fotografava a arquibancada e aí você acaba criando um sonho, vai vendo profissionais a beira do campo, aí eu falei: um dia eu vou tá lá, dentro de um clube”, compartilhou.

O trabalho carrega suas particularidades. Segundo ela, a sensibilidade é essencial, porém há obstáculos dentro e fora de campo.
“Vamos pensar da seguinte maneira: até quando, se você não tiver a fotografia, isso vai ser contado mais para frente? Se o jogo não tiver uma transmissão? Tá bem, ele tem a transmissão, você tem a fotografia para auxiliar. Hoje em dia, tudo envolve redes sociais, envolve internet, então você valoriza o atleta, ele pode usar as fotos, o clube pode usar esse material. Então, não é só uma foto daquele momento, é o registro de história de algo que já aconteceu e que não vai voltar mais”, declara a fotógrafa.
Diversidade
Cada imagem publicada ajuda a construir a visibilidade da modalidade e inspira novas gerações. Paula reconhece que o mercado fotográfico hoje é mais ambientado por mulheres e admite que, com a persistência, as barreiras estão sendo deixadas para trás.

“Eu sei que existem muitas barreiras, a gente presencia muitas barreiras, no esporte no modo geral. No passado, quando eu entrei, eu tinha vergonha de chegar para um homem e falar: olha, eu tô com uma dúvida nisso, como é que eu faço isso. E hoje em dia, eu não sinto que existe essa barreira tão grande porque tem mais mulheres no mercado fotográfico. Então, acho que mudou um pouco esse cenário, por mais que no passado, era um ambiente predominantemente masculino, hoje não é mais”, pontua Paula.
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A fotografia tem o poder de, em um clique, guardar uma narrativa completa, o brilho no olhar de uma jogadora, a expressão de superação.
“O que você conta, o que vai ficar registrado, o que vai ficar guardado, para quem não estava no campo, quem não viu o jogo, vai ser a forma como a pessoa vai “ver” aquele jogo. Quando você olhar um registro ali, você vai olhar e lembrar daquele momento, da situação, daquela partida. Então, o nosso trabalho como fotógrafa, é eternizar em um frame, nesse um segundo, 90 minutos de uma história, literalmente uma história. A cada partida, a gente vai juntando e escrevendo um capítulo desse livro”, diz.

Momentos preferidos
Escolher uma imagem favorita entre tantos registros é quase uma missão impossível para ela. Mas, inevitavelmente, alguns momentos se tornam mais do que especiais. Por isso, Paula relembra com carinho três fotos que considera marcantes no clube.
“Uma é: a foto com a Candelária no fundo, em cima do trio, da comemoração da Libertadores de 2019. Outra foi num jogo após esse trio, Flamengo e Avaí, tava chovendo muito! E na época, o Adílio, Adriano e o Juan entraram com as taças do Brasileiro, Carioca e Libertadores, no Maracanã. E na posição que eu tava, tava me escondendo da chuva, então tava de costas, eu fotografei eles de costas, apresentando as taças, praticamente entregando para a Nação, eu acho essa foto icônica”.
“E uma que eu gosto muito de fazer, eu procuro fazer sempre que tem mosaico é, acho que as pessoas já esperam que eu faça essa foto quando eu tô no Maracanã, é do anel todo do estádio e acho que o que mais a galera ficou louca foi do Flamengo e Atlético Mineiro, na Copa do Brasil, foi aquele “Bem vindo ao inferno”, essa foto também é bem marcante pra mim”, comentou Paula.
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Mais do que capturar imagens, o trabalho da Paula Reis no Flamengo é sobre construir memórias e eternizar o que muitas vezes passa rápido demais aos olhos do torcedor. E enquanto a bola rola, o olhar atento e sensível segue garantindo que nenhum instante especial fique apenas na lembrança. Ele se transforma em imagem, em orgulho e em legado.