Torcedor apaixonado pelo tricolor paulista e pai de Isa, jogadora do São Paulo Feminino, Jeferson Correia da Silva sonhava ver a filha jogando pelo clube do coração.
Quando viu que isso se tornou realidade, segurar a emoção foi impossível.
“A minha reação quando ela chegou em casa falando que ia jogar no São Paulo foi… sem palavras. Eu sou são-paulino, né? Descobrir que minha filha ia defender um time do meu coração… eu chorei muito. Fiquei sem palavras.”
O início da carreira de Isa foi marcado por dificuldades. A família se dividia para levá-la e buscá-la dos treinos, até que chegou um momento em que ela precisou começar a ir sozinha.
“Quando ela começou, a gente tinha que levar e buscar. Era custo, era correria… chegou uma hora que não dava mais pra eu levar, nem minha esposa. Ela pegava ônibus sozinha, a gente fazia a marmita e ela ia comendo no ônibus. Ligava pra saber onde ela tava, a gente ficava em casa apreensivo até ela chegar.”
Jeferson também lembra que foi preciso conciliar os estudos.
“Teve dia que ela dizia: ‘pai, posso faltar na escola hoje?’ e eu falava: ‘não, você tem que estudar’. Sempre apoiando, mas também cobrando.”
Ver Isa no São Paulo, mais do que motivo de orgulho, prova que ele estava certo.
“Eu tenho um colega, do ramo de cozinha, que lá em 2012, quando ela era pequenininha, eu falei: ‘um dia minha filha vai jogar no São Paulo’. Ele riu, falou que eu tava louco. Hoje ele lembra. Eu falei: ‘tá vendo? Ela tá jogando no São Paulo’. Pra mim é só glória.”
Apesar disso, Jeferson admite que teve medo quando ela decidiu seguir no futebol.
“Pra mim era só brincadeira na rua. Depois comecei a ver as coisas… a discriminação, o que ela passou. Criaram conta fake pra xingar, dizendo que ela não merecia vestir a camisa, que tinha que voltar pra onde veio. Ela me mostrou e eu disse: ‘filha, vai se acostumando, é difícil mesmo’. Mas em casa eu pensei: ‘meu Deus, será que é esse o caminho?’. Cheguei a ameaçar tirar ela do São Paulo pra estudar. Ela chorou, falou com a mãe e com o Viana. Foi um momento difícil.”
O jogo mais marcante, porém, não foi com a camisa tricolor.
“O mais emocionante foi quando ela foi campeã sul-americana. Eu tava no trabalho, na cozinha, e ela tentando me ligar. Falava pra mãe: ‘cadê meu pai?’. A mãe dizia: ‘tá trabalhando’. Quando consegui falar com ela, já era depois do título. Nesse dia eu chorei. Foi um muito importante pra carreira dela, e eu não pude acompanhar, eu tive que ver as reprises e esse foi o que me deixou mais marcante mesmo”
No Dia dos Pais, a mensagem de Jeferson para Isa é curta, mas carregada de amor:
“Cabeça erguida, olhar sincero e corre atrás do seu sonho. O seu pai está aqui para te apoiar em tudo. Que você seja muito feliz nessa carreira, que tenha muitos títulos. O pai te ama.”