Ela é a única. Neste domingo (27), Sarina Wiegman se tornou a primeira técnica a conquistar três Eurocopas Femininas, um feito inédito que solidifica sua posição como uma das maiores treinadoras de todos os tempos. A conquista veio após a Inglaterra superar a Espanha nos pênaltis, em uma final intensa da Euro 2025.
O jogo terminou empatado em 1 a 1 no tempo regulamentar e prorrogação, com a goleira Hannah Hampton brilhando na decisão ao defender duas cobranças.
Cinco finais seguidas e um domínio que impressiona
Mais do que levantar taças, Wiegman construiu uma marca quase imbatível no cenário internacional. Ela chegou a cinco finais consecutivas de grandes torneios: foi campeã da Euro 2017 com a Holanda, vice da Copa do Mundo 2019, campeã da Euro 2022 com a Inglaterra, vice mundial em 2023 e, agora, campeã europeia mais uma vez.
Um desempenho que nenhum outro técnico, homem ou mulher, alcançou até hoje.
Em todas essas campanhas, suas equipes jogaram com identidade, organização e ambição. E em 2025, mesmo diante de uma Espanha tecnicamente superior em muitos momentos, a Inglaterra foi estratégica, resiliente e emocionalmente preparada. Isso tem assinatura clara: Sarina.
Da sala de aula ao topo da Europa
Holandesa de Haia, Wiegman começou sua trajetória como jogadora, em tempos em que o futebol feminino mal existia de forma estruturada. Jogava com meninos, improvisava espaço e, mesmo assim, chegou à seleção da Holanda.
Após pendurar as chuteiras, virou professora de educação física, um detalhe que ela mesma diz nunca ter abandonado:
“Eu continuo ensinando, só que agora no campo”, contou em entrevista ao The Independent.
Sua carreira como técnica decolou a partir de 2014, quando se tornou assistente da seleção holandesa. Três anos depois, comandou a equipe campeã da Euro. O feito despertou o interesse da Federação Inglesa, que a contratou em 2021. Desde então, a Inglaterra vive sua era de ouro.
Wiegman tem estilo direto, é metódica, mas também sabe ouvir. É uma técnica que preza pelo equilíbrio entre tática e emoção. “Ela não precisa gritar. A presença dela já é suficiente para que a gente saiba o que tem que fazer”, disse uma jogadora inglesa nos bastidores da campanha
Uma final difícil, decidida na raça
A Espanha abriu o placar ainda no primeiro tempo, aos 24 minutos, após jogada trabalhada desde a pressão alta: Aitana Bonmatí roubou a bola no ataque, tocou para Athenea, que acionou Ona Batlle. A lateral cruzou na medida para Mariona Caldentey, que cabeceou com precisão para o fundo da rede. A Roja dominava as ações e parecia mais perto do segundo gol.
Mas a Inglaterra soube suportar. E aos 11 minutos da segunda etapa, reagiu: Lauren Kelly cruzou com precisão, e Alessia Russo, no contrapé da goleira Cata Coll, igualou o placar de cabeça. A partir daí, o jogo ficou mais aberto, com chances para os dois lados. Mas o empate persistiu até o fim da prorrogação. Nos pênaltis, brilhou Hampton, garantindo o bicampeonato inglês.
O título da Euro 2025 não é só mais um troféu. É o símbolo de uma era e de uma técnica que virou referência mundial de competência, liderança e humanidade. E, ao que tudo indica, essa era ainda está longe do fim.
Como ela mesma diz:
“Enquanto tiver futebol para jogar e ensinar, estarei aqui”.