A Seleção Feminina de refugiadas afegãs vai disputar pela primeira vez uma competição oficial da FIFA. O torneio “FIFA Unites: Women’s Series” acontece em Dubai, entre 23 e 29 de outubro, e marca o retorno das atletas ao cenário internacional após o banimento imposto pelo Talibã em 2021. Para elas, entrar em campo representa muito mais que jogar futebol, é a chance de mostrar ao mundo que seguem de pé, apesar da repressão em seu país.
Ver essa foto no Instagram
Seleção construída no exílio
A equipe foi formada com jogadoras que vivem fora do Afeganistão. Muitas deixaram o país às pressas, quando o Talibã reassumiu o poder e baniu mulheres do esporte. Outras já estavam em processo de exílio por questões familiares. Ao longo do ano, a FIFA organizou acampamentos de identificação na Austrália e na Inglaterra. Mais de 70 atletas participaram, em busca de uma vaga no time. A escocesa Pauline Hamill assumiu a função de técnica e liderou o processo de montagem da equipe.
Como será o torneio
O torneio terá formato simples: quatro seleções em pontos corridos. Além do Afeganistão, participam Chade, Líbia e Emirados Árabes Unidos. Cada seleção fará três jogos, e a que somar mais pontos fica com o título. As partidas terão transmissão ao vivo pela plataforma FIFA+. A organização vê a competição como um marco para o futebol feminino e uma chance de dar visibilidade a histórias que o regime talibã tentou silenciar.
Mais que resultado
Para as jogadoras, o torneio é símbolo de resistência. Desde 2021, mulheres não podem praticar esportes no Afeganistão, frequentar academias ou até mesmo entrar em estádios. Muitas atletas viviam escondidas, treinando em segredo, até conseguirem sair do país. Assim, jogar de forma oficial significa recuperar parte de uma identidade que lhes foi roubada.
Desafios pela frente
Apesar da conquista, ainda há obstáculos. A equipe não pode disputar eliminatórias para a Copa do Mundo ou os Jogos Olímpicos. “Garantir que todas as mulheres tenham acesso ao futebol é uma prioridade para a Fifa e um elemento chave na construção do futuro do nosso esporte” — declarou Gianni Infantino, presidente da entidade. As jogadoras vivem em diferentes países, treinam em condições desiguais e enfrentam limitações financeiras. O futuro do projeto depende de apoio contínuo e de visibilidade internacional.