Em celebração ao Mês da Consciência Negra, o Esporte Clube Bahia lançou, esta semana, seu uniforme comemorativo do Novembro Negro. Intitulada de “Arrepio que Veste a Pele”, a camisa é resultado de uma parceria inédita com o Festival Afropunk. Um dos maiores movimentos culturais de celebração da negritude no mundo.
Seguindo a tradição anual de promover ações de valorização da cultura negra e afrodescendente, o clube baiano apresenta duas versões da nova camisa: preta com detalhes dourados e branca com dourado. O design do uniforme traz grafismos, búzios, linhas e texturas que evocam a ancestralidade africana e a força da identidade afro-brasileira.
Conceito e arquibancada
O Bahia criou a peça em parceria com a equipe de direção artística do Afropunk. Para Natália Improta, diretora de criação da empresa que gerencia o festival no Brasil, a camisa vai além do visual e traduz sentimentos profundos da experiência negra.
“O cabelo, dentro da comunidade negra, é mais que estética, é linguagem, memória e poder. A partir dessa inspiração, conectamos o conceito à ideia de movimento, da arquibancada, da dança e da música. Expressões que, assim como o cabelo, traduzem vida e liberdade. Materializamos esse fluxo em linhas que se cruzam, curvas que lembram o corpo em ritmo e texturas que trazem uma dimensão física e sensorial, capazes de traduzir aquele instante em que os pelos do braço se arrepiam. Grafismos que se entrelaçam como um tecido vivo”, disse ao site oficial do clube.
Futebol e identidade negra
Rafael Soares, diretor de Marketing e Negócios do Bahia, ressalta o compromisso do clube com a valorização da cultura local e a representatividade.
“A camisa, em parceria com o Afropunk, traduz o conceito de ‘O arrepio que veste a pele’. Ela reflete a energia criativa, o orgulho negro e a pluralidade que fazem da Bahia um território singular. É uma peça que reafirma o papel do Bahia como clube que valoriza e dá voz à identidade do seu povo.”
Representatividade feminina
Para o ensaio fotográfico do lançamento da Camisa da Consciência Negra, o Bahia convidou atletas pretos e pardos do time masculino e do Futebol Feminino. As jogadoras escolhidas para representar as Mulheres de Aço foram: Kaiuska, Ary e Juliana.
População negra baiana
Salvador é conhecida como a cidade mais negra fora da África. É o centro que exala os frutos da herança africana enraizada na Bahia e que se derrama por todo o país. Segundo o Censo de 2022, 79,7% da população baiana se autodeclara negra (pretos e pardos), número que chega a 83,2% em Salvador. Deste total, 34,1% se identificam como pretos.
Sobre o Afropunk
O Afropunk é um movimento cultural global que nasceu nos Estados Unidos com o objetivo de celebrar a cultura negra e afrodescendente. Sua principal expressão é o festival musical que ocorre anualmente, reunindo artistas, pensadores e ativistas de diversas partes do mundo.
No Brasil, o Afropunk estreou em Salvador em novembro de 2021 e, desde então, tem se consolidado como um dos evento relevantes do calendário cultural do país durante o mês da Consciência Negra.