Há exatos seis anos, em 25 de agosto de 2019, o São Paulo Feminino escrevia um dos capítulos mais simbólicos da sua história recente. No retorno do projeto de futebol feminino, após um período de ausência, o Tricolor conquistou o título da Série A2 do Campeonato Brasileiro. Com empate de 1 a 1 contra o Cruzeiro, após ter vencido o primeiro jogo por 4 a 0, o clube levantava a taça. Era apenas o início de uma trajetória que, em pouco tempo, transformaria o São Paulo em protagonista no cenário nacional.
Da Série A2 à elite: uma ascensão constante
O título da A2 foi o pontapé inicial de uma caminhada marcada por regularidade e crescimento. Ano após ano, o São Paulo se manteve entre os melhores times do país. Vieram finais no estadual, semifinais, campanhas consistentes e a consolidação como uma das forças do Brasileirão Feminino. Em 2024, o time alcançou a sua melhor colocação até então, sendo vice-campeão da Série A1 e garantindo algo inédito: a vaga para a Libertadores da América de 2025.
Das campeãs de 2019 ao presente
Do elenco que conquistou a Série A2 em 2019, apenas a goleira Carlinha segue vestindo a camisa do Tricolor. Ao longo dos anos, o São Paulo também viu nomes importantes daquela campanha brilharem em outros gramados: Cristiane, brilhou no Santos e hoje defende o Flamengo; Ary Borges e Yaya, campeãs da Copa América com a Seleção Brasileira, passaram por rivais diretos como Palmeiras e Corinthians. Essa dispersão de talentos mostra a força da base formada no clube.
A conquista da Supercopa
Se 2019 representou o recomeço, 2025 marcou a afirmação. Em março deste ano, o São Paulo levantou a Supercopa do Brasil Feminina ao vencer o Corinthians na grande final. O título trouxe peso simbólico e esportivo, coroando um trabalho de continuidade que hoje permite ao clube sonhar ainda mais alto.
Entre as melhores, de novo
O Brasileirão Feminino também segue como palco de protagonismo. Em 2025, o Tricolor chegou à sua quarta semifinal consecutiva, mostrando regularidade e presença entre a elite. Essa sequência é reflexo de um elenco competitivo, de uma base fortalecida e da experiência acumulada ao longo dos últimos anos.
O olhar crítico das veteranas
Apesar da evolução, vozes experientes como Formiga e Cristiane foram contundentes ao expor entraves ainda presentes no futebol feminino do São Paulo — desde desafios estruturais até falta de respeito com as atletas. Formiga, ao retornar ao clube em 2021, descreveu um cenário de choque frente à realidade: treinamento no gramado sintético, academia com horário limitado, fisioterapia restrita a um turno e uniformes escassos. Ela também criticou a falta de ambição da diretoria, que chegou a afirmar que “ficar em quarto já estava bom”.
Cristiane, que havia feito críticas semelhantes ao deixar o clube em 2019, reafirmou sua indignação e apoiou Formiga: “Foi preciso outra atleta repetir para que percebessem que eu não estava mentindo”. Ela concluiu, com firmeza, que propostas de melhorias não podem ser recebidas com “deboche e amadorismo”, sob risco de voltarmos “às obscuridades do passado”.
Um futuro promissor
Seis anos depois da conquista da Série A2, o São Paulo se orgulha de uma jornada de reconstrução que o levou de volta ao topo. Do retorno em 2019 à vaga inédita na Libertadores, passando pelo título da Supercopa e pelas semifinais consecutivas, o clube mostra que está preparado para escrever novas páginas históricas.
O que começou como um recomeço hoje é uma realidade consolidada. O São Paulo Feminino não apenas voltou, como se firmou entre os grandes. E se depender da força das jogadoras, da tradição do clube e da paixão da torcida, o futuro promete ainda mais conquistas.