A Copa do Brasil Feminina registrou uma novidade histórica nas quartas de final entre São Paulo Feminino e Corinthians Feminino. A vitória tricolor por 3 a 1, que garantiu a equipe na semifinal, marcou a estreia do “Desafio do Vídeo” no Futebol Feminino, uma ferramenta inédita no futebol brasileiro e que já divide opiniões entre jogadoras e dirigentes.
O recurso permite que cada treinador convoque o árbitro para revisões em vídeo até duas vezes por jogo. Caso o técnico acerte o pedido, mantém o direito de usar o desafio novamente. E o dispositivo só pode ser utilizado em quatro situações específicas: lances de gol, pênalti, cartão vermelho e identidade de atletas na aplicação de um cartão.
Para formalizar o pedido, o treinador deve sinalizar o gesto de “giro com o dedo” e entregar um cartão ao quarto árbitro, que repassa a solicitação à cabine de vídeo. Como no protocolo tradicional do VAR, a decisão final segue sendo exclusiva do árbitro central.
Histórico de inovações
A introdução do “Desafio do Vídeo” é mais uma tentativa da Federação Paulista de Futebol (FPF) de se colocar na vanguarda de inovações no esporte. Entre 2000 e 2001, a entidade testou partidas com dois árbitros simultâneos em campo. Mais recentemente, trouxe ao Brasil o impedimento semiautomático, aplicado no Campeonato Paulista. O presidente Reinaldo Carneiro Bastos defendeu a iniciativa.
“Faz parte do DNA do futebol paulista não apenas acompanhar as tendências globais, mas também ajudar a escrevê-las. Com o apoio da CBF e da FIFA, damos agora mais um passo com o Vídeo Suporte estreando no Brasil, uma ferramenta que coloca São Paulo mais uma vez na vanguarda da tecnologia e em sintonia com as melhores práticas do futebol mundial.”
Críticas dentro de campo
Apesar do tom de inovação, a recepção no gramado não foi das melhores. Jogadora do Corinthians, Vic Albuquerque demonstrou incômodo com a novidade.
“Eu acho que essa questão do desafio é bem ruim, eu acho que estraga muito o futebol. Toda hora fica parando a partida, toda hora. Aí tem dúvida do nosso lado, das atletas, tem dúvida do lado das arbitragens. Então fica muito incoerente, eu não concordo em nada com isso.”
Pelo lado do São Paulo, Camilinha também fez ressalvas, ainda que reconheça a tentativa de reduzir erros de arbitragem.
“Ah, eu acho que foi como a Vic falou, fica uma dúvida por os dois lados e aí parece que todo momento quer chamar o desafio. A gente sabe que tem alguns erros de arbitragem, então é por isso mesmo que a gente quer o desafio toda hora. Mas o que iria facilitar mesmo seria o VAR. A gente já vem com isso, então por que não continuar na Copa do Brasil?”, questionou.
Inovação não agradou
A estreia do “Desafio do Vídeo” deixa no ar um debate sobre o desempenho do recurso. Enquanto a FPF aposta no pioneirismo e na busca por soluções tecnológicas, jogadoras demonstram preocupação com a fluidez das partidas e a clareza nas decisões.