Eleita melhor do mundo pela Fifa por seis vezes e indicada ao prêmio de Bola de Ouro como melhor jogadora de 2025 . Campeã de quatro edições da Copa América Feminina e de dois Pan-Americanos. A lista de conquistas individuais e coletivas de Marta parece interminável. No entanto, toda história de sucesso tem um começo, que por vezes guarda boas histórias. Quem imaginaria, por exemplo, que a “Rainha do Futebol” deu os primeiros passos na seleção brasileira quando defendia um clube amador de Belo Horizonte, o Santa Cruz?
Marta nasceu em Dois Riachos, no interior de Alagoas, em 1986. O início da carreira foi em um time da cidade, o CSA. Mas, com apenas 14 anos, ela decidiu fazer um teste no Vasco da Gama. Passou e, portanto, se mudou para o Rio de Janeiro. No entanto, em 2003, o clube carioca fechou as portas para o futebol feminino.
Chegada ao Terrão em BH
Foi aí que entrou o Santa Cruz na vida da atleta. Um time amador de Belo Horizonte, formador de novos talentos que contava com um forte time feminino no início dos anos 2000. A volante Formiga, por exemplo, também defendia a equipe campeã da Copa Centenário de Futebol Amador, uma competição municipal.

Tião Dionísio foi treinador das duas nesta época. Atualmente, ele tem 89 anos e trabalha no Santa Cruz há mais de sete décadas. Guarda com muito carinho as lembranças em que o tempo ainda era de terra batida. O técnico ficava impressionado com a intensidade da Marta: “Essa mulher não corria, ela voava dentro de campo, no meio da poeira. Batia um lateral e saía pulando. Batia um escanteio e saía pulando. Se a bola batesse na trave, ela ia encontrar com a bola. Nossa, já era diferenciada naquela época. Ela correu tanto que ganhou o mundo”.

Foi como atleta do clube mineiro que a craque jogou a primeira Copa do Mundo Feminina, em 2003. Marcou três gols em quatro jogos. “Nunca tinha visto alguém igual a Marta, não. Nem nunca mais vi igual a ela. Foi artilheira fácil, metia muito gol e já jogava de atacante por aqui. Uma pessoa muito simples, tá? É de grupo”, diz Tião.

O talento da craque despertou a atenção do suecos do Umea IK, que a contratou em 2004. Desde então, Marta tornou-se ídolo mundial, a maior jogadora de todos os tempos. “Seu” Tião nunca mais teve contato com ela: “A Marta subiu igual a um foguete. Depois que ela foi embora, só vejo na televisão. Mas como vai ter a Copa do Mundo aqui, em 2027, eu sonho em chegar perto dela e mostrar a medalha de campeão que tenho guardadinha lá em casa até hoje”.
Futebol feminino no Santa Cruz
O Santa Cruz segue trabalhando na formação de jovens atletas, das categorias sub-10 ao sub-17. No momento, não há uma equipe feminina, no entanto a ideia da direção é criar, em breve, uma escolinha para garotas de 12 a 17 anos: “quem sabe vai surgir uma outra Marta, uma Formiga? Eu quero que aqui seja um ponto de captação de jogadoras para o futebol feminino”, destaca Barbara Vasconcelos, psicóloga do esporte e esposa do atual presidente do atual presidente do Santa Cruz, Mauro Vasconcelos.
