O Futebol Feminino no Brasil tem crescido em visibilidade e qualidade nos últimos anos. Com competições estruturadas, times profissionais e transmissões em TV e plataformas digitais, entender como funciona a modalidade é essencial para quem quer acompanhar o esporte.
Este guia apresenta a história, os principais times, o formato da principal competição nacional e como assistir aos jogos em 2025.
A história do Futebol Feminino no Brasil
Considerado o primeiro time de Futebol Feminino do Brasil, o Araguari surgiu em 1958 com um objetivo solidário: selecionar 22 meninas para uma partida beneficente que ajudasse a evitar a falência de uma escola no Triângulo Mineiro. O evento foi um sucesso imediato e despertou atenção em toda a região.
Com a visibilidade conquistada, a equipe formada por Heloísa Marques, Zalfa Nader, Darci de Deus Leandro, Haidêe Dália Dias, Ormezinda Rodrigues e outras atletas começou a receber convites para jogar em diversas cidades, como Uberlândia, Goiânia, Belo Horizonte e Salvador. Além disso, o time ganhou destaque em importantes publicações da época, incluindo a revista “O Cruzeiro”.
No entanto, o entusiasmo durou pouco. As meninas do Araguari passaram a enfrentar preconceito de freiras, senhoras da cidade e até de familiares. Entre os anos de 1941 e 1979, a prática do esporte foi proibida pelo decreto-lei 3199, durante o período do Estado Novo. Somente após o fim da proibição em 1980 que surgiram os primeiros campeonatos nacionais, como a Taça Brasil de Futebol Feminino.
O Radar, de São Paulo, foi o grande destaque da época, conquistando seis títulos consecutivos entre os anos de 1983 e 1989. Nos anos 1990, a modalidade teve períodos de inatividade, mas voltou com a criação do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino em 1997, que, apesar de inúmeras interrupções, deu início a uma competição nacional mais organizada.

No entanto, a competição definitiva veio em somente em 2013, quando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) organizou o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, criando divisões como Série A1, A2 e, mais recentemente, a Série A3, garantindo espaço às equipes e atletas.
Calendário do Futebol Feminino Brasileiro: Supercopa e Brasileirão
Para abrir o calendário, o ano inicia-se com a Supercopa Feminina. A competição acontece em três fases, todas no formato ‘mata-mata’. Na primeira etapa, oito clubes se dividem em quatro grupos de duas equipes cada. Os vencedores de cada grupo avançam para a semifinal e continuam até a final. Em caso de empate, as equipes decidem a classificação nas disputas de pênaltis.
Em 2026, as campeãs do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil se enfrentam em uma partida única que define a campeã da edição.
- Fase de grupos: 15 rodadas com todos os clubes jogando entre si em pontos corridos;
- Quartas de final: os oito melhores classificados avançam para o mata-mata;
- Semifinais: os quatro vencedores das quartas se enfrentam em partidas de ida e volta;
- Final: duas equipes disputam o título em jogos de ida e volta;

Além da Série A1, existem as divisões A2 e A3, que promovem o acesso e rebaixamento de clubes entre as categorias. Os campeonatos estaduais acontecem no meio e final da temporada do Brasileirão, e a Copinha Feminina é disputada no fim da temporada.
Outras competições
O acesso à Libertadores Feminina, competição internacional que dura cerca de duas semanas em outubro, é garantido aos finalistas do Brasileirão A1, já que o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking histórico da Conmebol. Historicamente, os clubes brasileiros dominam a competição sul-americana.

A CBF voltou a disputar a Copa do Brasil em 2025, aumentando a quantidade de jogos disponíveis para os fãs. A competição conta com o formato de mata-mata desde a primeira fase, com apenas um único jogo.
Durante a temporada, os times podem disputar outros torneios amistosos, como a Brasil Ladies Cup, The Women’s Cup e Teal Rising Cup; entretanto, nem todas as equipes participam.

Principais times e artilheiras
Os clubes paulistas se destacam no Futebol Feminino brasileiro, conquistando a maioria dos títulos nacionais, continentais e até mundiais. O Corinthians é o atual campeão, com sete conquistas até 2025, seguido por Ferroviária, Santos, São Paulo, Palmeiras e Centro Olímpico.
Entre as artilheiras, se destacam Millene Fernandes, Danyelle, Cristiane e Amanda Gutierres, que marcaram gols decisivos ao longo das edições do Brasileirão. Alguns clubes, como Audax e São José, conquistaram títulos continentais mesmo sem vencer o Campeonato Brasileiro, mostrando a competitividade das equipes brasileiras.
Em 2025, os 16 clubes participantes da Série A1 foram: Cruzeiro, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Ferroviária, Bahia, Bragantino, América-MG, Fluminense, Grêmio, Internacional, Real Brasília, Juventude, 3B da Amazônia e Sport.
Para 2026, estão confirmados: Cruzeiro, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Ferroviária, Bahia, Bragantino, América-MG, Fluminense, Grêmio, Internacional, Real Brasília, Juventude, Botafogo, Santos, Atlético-MG e Fortaleza.
Seleção Brasileira Feminina
A Seleção Brasileira Feminina tem representado bem o país nas competições internacionais e tem sido referência na América do Sul. Em junho de 2025, ocupa a quarta posição no ranking mundial da FIFA, e se tornou uma das seleções mais competitivas do mundo, mesmo enfrentando alguns desafios como investimento e apoio.

Primeiros passos
A primeira partida da seleção feminina aconteceu em 1986, em amistoso contra os Estados Unidos, com derrota por 2 a 1. Dois anos depois, em 1988, a CBF passou a administrar oficialmente a equipe, alinhando sua gestão à da seleção masculina. Desde então, o Brasil participou de todas as edições da Copa do Mundo Feminina e dos Jogos Olímpicos, além de outros torneios como Jogos Pan-Americanos, Campeonato Sul-Americano e o Torneio Internacional de Futebol Feminino, disputado desde 2009.
O Brasil tem dominado historicamente a América do Sul, com oito das nove edições da Copa América Feminina conquistadas. A seleção também contou com a maior jogadora do mundo, a rainha Marta, já eleita cinco vezes consecutivas pela FIFA (2006 a 2010) e novamente em 2018.
Desafios e grandes campanhas
O maior resultado da seleção em Copas do Mundo aconteceu em 2007, quando chegou à final contra a Alemanha e terminou com o vice-campeonato. Nos Jogos Olímpicos, a equipe conquistou três medalhas de prata (2004, 2008 e 2024) e também, diversas campanhas marcantes, como nas Olimpíadas de Pequim 2008, com vitória histórica sobre a então campeã Alemanha por 4 a 1 nas semifinais, perdendo a final para os Estados Unidos na prorrogação.

Nos Jogos Pan-Americanos, o Brasil conquistou medalhas de ouro em 2003, 2007 e 2015, destacando-se pelo forte ataque e desempenho do elenco.
Passado que trouxe resiliência
Nos anos 1990, o técnico Zé Duarte foi responsável por comandar uma equipe, com jogadoras como: Sissi, Pretinha, Formiga, Kátia Cilene e Maravilha. Desta forma, o Brasil conquistou medalhas importantes em Jogos Olímpicos e se destacou em torneios internacionais, garantindo um terceiro lugar histórico na Copa do Mundo de 1999.

Com o tempo, a CBF passou a investir em estruturas para o elenco, como a Seleção Permanente criada somente em 2015, onde 27 atletas se dedicaram exclusivamente ao time da seleção, recebendo salários e condições melhores de preparo.
Pia Sundhage e nova era Arthur Elias
Com a chegada de Pia Sundhage, a seleção buscou um trabalho mais consolidado, apesar de resultados instáveis apresentados. Em seu comando, o Brasil conquistou alguns torneios amistosos, mas também passou por eliminações frustrantes, como a Copa do Mundo de 2023, quando foi eliminada ainda na fase de grupos. Assim, Pia Sundhage também foi responsável por mudanças nas convocações, incluindo a ausência de Cristiane em grandes competições a partir de 2021.
Após a eliminação precoce no Mundial de 2023, a CBF contratou Arthur Elias, ex-técnico do Corinthians, que trouxe uma nova estrutura à equipe. A partir de sua chegada e comando, o Brasil disputou a Copa Ouro feminina da CONCACAF 2024 e também, os Jogos Olímpicos de Paris 2024, conquistando a medalha de prata ao derrotar a Espanha na semifinal e perder por pouco para os Estados Unidos na final.

Onde assistir Futebol Feminino
A cobertura do Futebol Feminino tem crescido, com transmissões em TV aberta, TV fechada e plataformas digitais. Entre os canais que exibem os jogos estão SporTV, Globo, Premiere, TV Brasil, Canal GOAT, Cazé TV e X Sports. Além disso, muitos clubes também realizam transmissões ao vivo em seus canais no YouTube, assim permitindo que os torcedores acompanhem as partidas mesmo sem acesso aos canais de TV.
Por fim, o Futebol Feminino brasileiro continua avançando em visibilidade, estrutura e competitividade. Com campeonatos nacionais organizados, equipes crescendo e transmissões disponíveis, o esporte tem se espalhado aos grandes torcedores do Brasil e do mundo.
