As comparações entre Futebol Feminino e Masculino são antigas — e, muitas vezes, carregadas de preconceitos. Mas afinal, quais são as reais diferenças entre as duas modalidades? Mais do que questões físicas, o que muda é o contexto histórico, o investimento e as oportunidades.
Por conta disso, nesta matéria, o Campo Delas, do Portal iG, explica de forma simples e direta as principais diferenças entre o Futebol Feminino e o Masculino — dentro e fora de campo.
Regras: praticamente as mesmas
Muita gente acredita que o Futebol Feminino tem regras diferentes, mas isso é um mito. A FIFA aplica o mesmo regulamento para as duas categorias: o campo tem as mesmas dimensões, o gol é do mesmo tamanho, a bola é igual (apenas com pequenas variações de peso permitidas). A duração das partidas também é a mesma — 90 minutos divididos em dois tempos de 45. É a mesma quantidade de substituições, mesmo número de jogadores em campo, mesmo número de árbitros na partida. Ou seja, o que muda não é o jogo em si, mas as condições de quem joga.
Diferenças físicas e fisiológicas
Homens e mulheres têm composições corporais diferentes, o que impacta o desempenho esportivo em alguns aspectos:
Força e velocidade: homens, em média, têm maior massa muscular e produção de testosterona.
Resistência e flexibilidade: mulheres costumam ter maior capacidade de recuperação e melhor coordenação motora fina.
Essas diferenças são naturais e biológicas, mas não tornam o Futebol Feminino “menos competitivo” — apenas com características próprias.

Salário: o abismo que ainda existe
A diferença salarial entre Futebol Feminino e masculino continua sendo um dos maiores debates.
No Brasil, segundo dados da CBF e FIFPRO, jogadores da Série A masculina recebem em média até 40 vezes mais que as atletas da Série A1 feminina.
No cenário internacional, a FIFA anunciou equiparação de premiações na Copa do Mundo de 2027, mas o caminho ainda é longo.
Exemplos:
- Copa do Mundo Masculina 2022: US$ 440 milhões em premiações
- Copa do Mundo Feminina 2023: US$ 150 milhões
Apesar do aumento, ainda há desigualdade de patrocínio, direitos de imagem e mídia.
Estrutura e investimento
Enquanto clubes masculinos contam com centros de treinamento completos, médicos e staff dedicados, o Futebol Feminino ainda luta por infraestrutura básica em muitas equipes.
Há avanços — como o Brasileirão A1 transmitido em TV aberta e streaming, e clubes como Corinthians e Ferroviária com estrutura profissional —, mas a realidade ainda é desigual.
A falta de investimento impacta diretamente a performance, o calendário e a visibilidade do esporte.

Reprodução/X @fdaalvinegro
Visibilidade e cobertura da mídia
Outro ponto-chave é a exposição. Enquanto o futebol masculino domina a TV, o feminino ganha espaço, mas de forma gradual.
Hoje, é possível assistir a partidas do Futebol Feminino na Band, Globo, SporTV, FIFA+, YouTube e DAZN, entre outros — um avanço impensável há poucos anos.
A visibilidade, porém, ainda é o maior desafio para atrair patrocinadores e novas gerações de torcedoras.
História e barreiras culturais
Por muito tempo, as mulheres foram proibidas de jogar futebol — no Brasil, o banimento durou de 1941 a 1979. Enquanto os homens jogavam e construíam ídolos, o Futebol Feminino foi deixado às margens. Isso explica por que as comparações diretas são injustas: o masculino teve um século de vantagem estrutural e social.
O futuro: menos comparação, mais reconhecimento
As novas gerações já enxergam o Futebol Feminino com outros olhos. A audiência da Copa do Mundo Feminina 2023 bateu recordes e provou que o interesse existe — o que falta é apoio consistente e visibilidade. A tendência é que, nos próximos anos, a discussão mude de “quem joga melhor” para “como garantir igualdade de condições”.

É futebol e ponto!
O Futebol Feminino não é “versão” do masculino — é uma modalidade com sua própria história, desafios e conquistas. As diferenças existem, mas são sociais, econômicas e estruturais, não de valor ou qualidade.
Comparar é natural, mas o mais importante é entender, respeitar e apoiar — porque o jogo é o mesmo: o que muda é o campo onde ele foi (ou não) permitido florescer.
