Primeira brasileira a comandar uma equipe na elite do futebol feminino europeu, a treinadora Emily Lima encerrou recentemente seu ciclo à frente do Levante UD, na Espanha. A profissional tem como um dos destinos a voltar ao futebol brasileiro e é apontada como uma das possíveis candidatas a assumir o Palmeiras Feminino.
E, se o nome dela surge como rumor, ela esquentou esse assunto nesta quinta-feira (16). Em entrevista exclusiva ao Campo Delas, do Portal iG, Emily falou sobre o futuro e os rumores que a ligam ao Palmeiras, que busca nova treinadora para 2026, já que Camila Orlando vai deixar o cargo para focar 100% na seleção feminina Sub-20.
“Acredito que qualquer treinador diria que sim — e eu estou incluída nesses 100%. Seria uma honra treinar o Palmeiras. Estou voltando ao Brasil, e isso também seria importante para a minha família. Foram muitos anos fora, e voltar ao país com um projeto desse porte seria o retorno ideal”, disse ao Campo Delas.
Mesmo com o nome especulado no clube alviverde, Emily reforçou que prefere deixar as coisas fluírem naturalmente.
“Eu sou muito de viver o presente. Se for pra acontecer, será no tempo certo. Mas, sem dúvida, o Palmeiras é uma grande equipe, com estrutura e jogadoras que admiro”, destacou à página exclusiva de futebol feminino do Portal iG.
Primeira brasileira a comandar na Europa
Emily também comentou sobre o peso de ser a primeira brasileira a ter treinado uma equipe feminina na Europa. “Eu já havia jogado aqui, morei na Espanha por uns sete anos, lá nos anos 2000. Então eu já conhecia o país, as pessoas, a cultura. Sabia para onde estava vindo. O futebol mudou muito em 20 anos — e mudou pra melhor. Isso é muito positivo para o futebol feminino, espanhol e mundial”, falou.
Segundo ela, o fato de já ter vivido na Espanha facilitou sua adaptação fora de campo, mas o contexto esportivo foi completamente novo. “O Futebol Espanhol evoluiu demais. A estrutura, o nível técnico e o entendimento tático das jogadoras cresceram muito. Mesmo com minha experiência anterior aqui, precisei reaprender algumas coisas. Isso foi ótimo, porque mostrou o quanto o Futebol Feminino se profissionalizou e ganhou espaço na Europa”, disse.
Aprendizado e amadurecimento no Levante
Entre aprendizado e autocrítica, Emily contou ao Campo Delas que sua passagem pelo Levante foi curta, mas marcante.
“Levo lições de vida e de profissão. Entendi que nossos caminhos não estão tão longe do verdadeiro profissionalismo. Essa experiência reforçou o que eu acreditava: trabalhar com o Futebol Feminino exige estrutura, respeito e coerência. Sair de um ambiente como o espanhol me faz voltar ainda mais convicta da importância de valorizar quem trabalha com seriedade”, disse.
“Sair do Levante foi uma decisão pensada, em comum acordo, e me sinto em paz. O mais importante é seguir contribuindo para o futebol feminino, em qualquer lugar do mundo,”, completou.
Filosofia de trabalho e liderança humana
A treinadora também falou sobre a filosofia de trabalho e de seu estilo como líder. “Eu posso descrever que é uma filosofia muito simples, simples pra um entendimento simples. Eu sempre acreditei que o menos é mais. Falar de Futebol Feminino não é tão simples, porque depende muito da cultura de onde você trabalha. Uma coisa é lidar com atletas que já têm uma base intelectual e emocional desenvolvida; outra é trabalhar com meninas para quem o esporte vai gerar esse crescimento. Por isso, me adapto ao que encontro. Meu estilo é o mais humano possível. Passei por muitas situações como atleta que não quero que as jogadoras que trabalham comigo passem. A parte humana é o que me move.”
Brasil em evolução, mas ainda em busca de estrutura
Emily também analisou a evolução do futebol feminino no Brasil e comparou o cenário nacional com o europeu.
“Eu avalio positivamente. Acho que houve uma mudança muito grande em pouco tempo. Ainda estamos distantes das principais ligas da Europa, mas não tanto quanto se imagina. A nossa liga é boa, competitiva, mas o que diferencia é o investimento. Aqui na Europa, as equipes têm estrutura e recursos que fazem a diferença no dia a dia. No Brasil, ainda estamos consolidando essa base, mas estamos no caminho certo”, pontuou ao Campo Delas.
Emily tem passagens pela Seleção Brasileira Feminina, além de clubes como São José-SP e Santos, além das seleções do Equador e do Peru.