A zagueira e lateral da Manchester City Women, Kerstin Casparij vem usando sua visibilidade dentro e fora dos gramados para promover um futebol mais inclusivo e seguro. Recentemente, ela afirmou que considera fundamental mostrar que o esporte é para todos, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero, e destacou que o Futebol Feminino é, no geral, “um espaço muito inclusivo”. Além disso, Casparij gosta de interagir com os torcedores durante as partidas da Women’s Super League (WSL), reforçando o vínculo entre atletas e fãs.
Declaração e atuação
Em entrevista à BBC, Casparij destacou que “quando percebi o alcance da minha voz, entendi que dizer algo realmente importa”. Ela se tornou patrona da LGBT Foundation, entidade que apoia mulheres LGBTQ+ e promove espaços mais seguros. Durante uma partida, Casparij beijou uma faixa com as cores da bandeira trans após marcar um gol, reafirmando que todos têm direito a espaço e visibilidade no esporte.
Inclusão no Feminino e contraste com o Masculino
No Futebol Feminino, existe uma cultura de diversidade e apoio, que permite que atletas expressem suas identidades de forma aberta e segura. Por outro lado, Casparij observa que no Futebol Masculino ainda existem barreiras significativas, muitas vezes devido a normas culturais rígidas e receio de exposição pública. Alguns casos de repercussão internacional, como:
Josh Cavallo
O australiano Josh Cavallo, jogador do Adelaide United, se declarou gay em 2021 e desde então enfrenta ameaças de morte, insultos homofóbicos em estádios e ataques online constantes. Em 2025, afirmou que o futebol ainda é um “ambiente tóxico para pessoas LGBTQIA+” e que lida com várias ameaças diárias. Apesar disso, recebeu apoio do clube e, em 2024, pediu seu namorado em casamento no estádio, transformando o gesto em símbolo de resistência.
Jake Daniels
Em 2022, Jake Daniels, atacante do Blackpool, se assumiu gay, tornando-se o primeiro jogador profissional do Reino Unido em mais de 30 anos a fazer isso publicamente. Ele não relatou ataques diretos ou discriminação após a revelação, e tanto o clube quanto a liga inglesa manifestaram forte apoio. Ainda assim, sua decisão foi considerada corajosa, pois evidenciou a falta de representatividade LGBTQIA+ no futebol britânico.
Thomas Hitzlsperger
O alemão Thomas Hitzlsperger, ex-jogador de Aston Villa, Stuttgart e da seleção alemã, se assumiu gay após se aposentar, em 2014. Ele não sofreu ataques pessoais, mas denunciou o tabu e o preconceito estrutural no futebol europeu, admitindo que esperou o fim da carreira por medo de repercussões negativas. Desde então, atua como embaixador da diversidade na Federação Alemã de Futebol e defensor da causa LGBTQIA+.
Robbie Rogers
O norte-americano Robbie Rogers, ex-jogador do LA Galaxy, enfrentou episódios de homofobia direta após se assumir gay em 2013. Entre 2015 e 2016, sofreu insultos homofóbicos em partidas da USL, o que levou à suspensão do atleta rival responsável pelos ataques. Rogers afirmou que a intolerância ainda existe no futebol, mas reafirmou seu compromisso de servir como exemplo de visibilidade.
Germán Cano
Na contramão do preconceito, 0 argentino Germán Cano, que é casado e pai de dois filhos, luta conta a homofobia e apoia à comunidade LGBTQIA+. Em um dos apoios, protagonizou um gesto amplamente elogiado ao erguer a bandeira LGBTQ+ durante a comemoração de um gol, ainda quando atuava pelo Vasco da Gama, em 2021, demonstrando respeito e apoio ao movimento. Seu posicionamento inclusivo rendeu repercussão positiva e continua sendo referência de representatividade.
Impacto e relevância
Ao se posicionar de forma clara e ativa, Casparij fortalece a visibilidade de atletas LGBTQ+ e também demonstra solidariedade frente ao racismo. Recentemente, ela se uniu a colegas e adversárias em gesto simbólico contra o racismo, afirmando que “é um fardo de todos e não deve ser sofrido sozinho”. Para jovens jogadoras e fãs, sua postura prova que é possível conciliar desempenho esportivo com autenticidade pessoal, promovendo um ambiente seguro, diverso e acolhedor.
Futebol Feminino como exemplo de inclusão e união
Kerstin Casparij demonstra que o Futebol Feminino vai além das vitórias em campo: ele pode liderar mudanças sociais, reforçando respeito, representatividade e união. Assim, suas ações e declarações mostram que o esporte deve refletir a sociedade em toda a sua diversidade e que cada gesto de apoio e solidariedade contribui para um ambiente mais justo e inclusivo, servindo de exemplo frente às limitações ainda existentes no futebol masculino.