A Chapecoense garantiu o retorno à elite do Brasileirão masculino em 2025, mas segue completamente parada no Futebol Feminino – um cenário que preocupa especialmente diante das regras da CBF e das exigências de licenciamento que se aproximam. O clube não mantém equipe feminina desde 2021 e, mesmo com o acesso confirmado, afirma que não tem previsão para reativar o departamento.
O último registro de atividade da Chape no feminino foi há quatro anos, na disputa do Brasileirão A2. Naquela campanha, o time terminou em quarto lugar no Grupo F, com uma vitória, um empate e três derrotas. Desde então, a modalidade simplesmente deixou de existir no clube: nenhum elenco, nenhum projeto em andamento, nenhuma participação estadual ou nacional.
Questionada pela reportagem sobre um possível retorno após o acesso, a assessoria confirmou ao Campo Delas, do Portal iG, que não há qualquer planejamento. A justificativa envolve falta de estrutura e equipe reduzida nos bastidores:
“Nesse momento não há nenhum plano de retomar a equipe feminina, porque tem muitas coisas precisando de atenção. E com um grupo de colaboradores pequeno faltaria braço para começar um novo projeto. Mas, quem sabe mais pra frente, com as coisas mais preparadas pra Série A, isso venha a acontecer”, respondeu o clube ao Campo Delas.
A declaração escancara uma contradição histórica do futebol brasileiro: mesmo com a modalidade feminina crescendo no país, clubes da elite ainda tratam o tema como algo secundário — ou, neste caso, inexistente.
A obrigação que segue ignorada
Desde 2019, a CBF exige que todos os clubes da Série A masculina mantenham uma equipe feminina adulta e categorias de base, ou então firmem uma parceria formal com um clube que já possua essa estrutura. O mecanismo visa padronizar a profissionalização e gestão dos clubes, inclusive como maneira de dar maior visibilidade e credibilidade ao Futebol Feminino no país.
Clubes que sobem à Série A têm a responsabilidade de se adequar a essa exigência antes do início da temporada seguinte. Ou seja, precisam apresentar estrutura, documentação ou parceria para manter um time feminino ativo.
Sem time de mulheres, sem acordo – e sem plano em vista
A retomada do departamento feminino não consta como prioridade imediata para a diretoria. Segundo a assessoria, há “faltas de estrutura e de pessoal” para viabilizar um novo projeto agora. Isso reforça um padrão preocupante: clubes que obtêm acesso ou destaque no masculino, seja com premiações, visibilidade e calendário intenso, continuam tratando o Futebol Feminino como opção secundária, sem compromisso real com continuidade ou investimento.
O caso da Chapecoense não é isolado e reflete um padrão que atravessa o futebol brasileiro. Mesmo com regras claras e obrigatórias, muitos clubes optam por priorizar o futebol masculino, deixando o feminino para “quando der” ou nem isso. O Mirassol é um exemplo claro disso, já que o clube está preparando um time feminino depois de um ano de série A, justamente por conta da obrigatoriedade da CONMEBOL.
Em 2025, com a reformulação das competições femininas anunciada pela CBF para o ciclo 2026–2029, aumenta a pressão para clubes mostrarem comprometimento real com as mulheres no futebol.
