Enquanto as jogadoras brilham em campo, há uma engrenagem essencial e multifacetada que garante a alta performance e a logística do Futebol Feminino.
São funções pouco vistas, muitas vezes invisíveis para o grande público, mas cuja rotina de trabalho exaustiva e apaixonada é o verdadeiro motor da profissionalização do esporte.
A base do desempenho: o corpo técnico de suporte
Nas equipes femininas, os profissionais de saúde e preparo físico frequentemente acumulam funções, lidando com orçamentos mais apertados e a necessidade de excelência em um cenário de evolução constante.
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Preparadoras Físicas: A rotina é intensa e altamente especializada. A dificuldade reside em equilibrar a prevenção de lesões (dada a alta carga de jogos e viagens) com a periodização de treinos, muitas vezes sem a mesma tecnologia de ponta que existe na elite masculina.
Karla Loureiro é um dos melhores exemplos da atualidade. Preparadora Física das Guerreiras Grenás, ela também é Coordenadora do Núcleo de Performance do Futebol Feminino da Ferroviária.
Curiosidade: Muitas vezes, a preparadora física atua como conselheira nutricional e gestora de estresse.
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Massagistas e Fisioterapeutas: São os primeiros a chegar e os últimos a sair. O trabalho é vital na recuperação e no tratamento de lesões. Manter o padrão de cuidado de elite em um calendário apertado e com menos especialistas na equipe é a maior dificuldade, o que exige longas horas de dedicação no staff médico.
Mariane Teles é um desses exemplos. Ela é massoterapeuta das Brabas e acompanha todo o processo corporal das atletas.
Dados, detalhes e logística: a dedicação silenciosa
O sucesso no futebol moderno exige ciência e organização. Essas profissões garantem que o time esteja sempre um passo à frente, otimizando recursos escassos.
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Analistas de Desempenho: A rotina é baseada em números, dados e horas de vídeo. O desafio é transformar estatísticas complexas e relatórios de adversários em informações claras e diretas para a comissão técnica.
Curiosidade: Em muitos clubes, a analista de desempenho precisa lidar com a escassez de imagens de alta qualidade dos jogos dos adversários, dependendo da criatividade e de softwares acessíveis para montar a estratégia.
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Roupeiras (e Roupeiros): Mais do que organizar uniformes, a roupeira é o coração do vestiário. É responsável pela logística de viagem, a lavanderia, a organização de chuteiras e por garantir que a atleta tenha todas as suas necessidades práticas atendidas no dia do jogo.
Kamila Maciel é roupeira do elenco profissional feminino do São Paulo e acompanha de perto e prepara com cuidado e atenção cada detalhe antes dos jogos.
Em viagens longas e com logística complexa, gerenciar múltiplos kits de uniformes e materiais de treino é um desafio constante.
A visibilidade e a lei: fotógrafas e árbitras
Esses profissionais atuam fora das quatro linhas, mas carregam o peso da representação e da fiscalização em um ambiente de luta por igualdade.
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Fotógrafas: A rotina é capturar a emoção e a força da modalidade, muitas vezes com menos veículos de imprensa interessados do que nos jogos masculinos.
Karen Fontes é uma grande fotógrafa do futebol. Ela conquistou seu espaço e hoje atua não só no Futebol Feminino, como também no masculino.Curiosidade: O estilo da fotografia no Futebol Feminino foca mais em humanizar as atletas, capturando a solidariedade, a alegria e as reações autênticas que definem a essência do esporte.
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Árbitras: Sujeitas a um rigor físico e técnico ainda maior do que os árbitros masculinos, carregam o fardo da dupla exigência. A ascensão na carreira é lenta e exige dedicação total a treinamentos físicos rigorosos.
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