Santos, 1983: este foi o ano e o local de um marco histórico para o Futebol Feminino brasileiro. Em um período em que o esporte acabava de sair da ilegalidade, a cidade praiana sediou o primeiro Campeonato de Futsal Feminino do Brasil.
O tonrio no Esporte Clube Itapoã (patrocinado pela Companhia Antártica Paulista e supervisionado pela Liga Santista) não apenas celebrou a permissão para jogar. Também estabeleceu a cidade como um berço de resistência e desenvolvimento para o futsal de mulheres no país. A modalidade tinha acabado de ser regulamentada no país.
Santos e futebol caminham juntos. Primeiro Pelé, ao lado de craques inesquecíveis da mesma época. Anos depois, os Meninos da Vila, com Neymar e Cia. E, claro, as Sereias da Vila.
Futebol Feminino: uma luta de décadas
O governo proibiu o Futebol Feminino no Brasil por longos anos. O primeiro veto oficial veio em 1941, por decreto do então presidente Getúlio Vargas, que alegava que a prática era “incompatível com as condições de sua natureza.”
“Art. 54. Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompativeis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”
Um novo decreto, de 1965, no segundo ano do regime militar, reforçou a proibição.
Mesmo assim, equipes disputavam jogos clandestinos em vários locais do país.
Em 1979 as autoridades revogaram a lei. Mas a modalidade ainda levou mais quatro anos para ser finalmente regulamentada. Com isso, foram liberados os torneios, os estádios e a modalidade ganhou novas perspectivas.
O esporte feminino em Santos
Na década de 1980, era comum a organização de jogos esporádicos e amistosos entre empresas e clubes.
Equipes como Savoy (Guarujá), São Paulino (São Vicente) e a equipe local, Cidade de Santos, participavam ativamente desses confrontos.
Além do futsal, os Torneios de Futebol de Praia também ganhavam espaço, com as equipes geralmente compostas pelas mesmas atletas do futebol de quadra.
As universidades da região tiveram igualmente papel crucial. Elas incentivavam a formação de equipes femininas e realizavam os Jogos Universitários da Baixada Santista (Jubas).
A disputa contava com a participação de faculdades como Aelis (Medicina, Odontologia, Tecnologia), a Faculdade de Educação Física de Santos e a Faculdade do Carmo, entre outras.
Chegada das Sereias da Vila
Em 1997, o Santos foi um dos primeiros times do país a criar uma equipe feminina, das Sereias da Vila.
Embora tenha disputado a Serie B em 2025, o Santos se mostrou uma das potências da modalidade em anos anteriores.
As Sereias conquistaram títulos importantes, como o bicampeonato da Libertadores Feminina e da Copa do Brasil, consolidando a Baixada Santista como um polo de excelência no Futebol Feminino.