Se a Copa do Nordeste é carinhosamente chamada de Lampions League, em homenagem a Lampião, o campeonato feminino da região também traz referências à história do cangaço. A competição se chama Copa Maria Bonita, em homenagem à companheira de Lampião.
Símbolo de força, liderança e resistência da mulher nordestina, Maria Bonita foi a personagem escolhida para nomear a principal competição de Futebol Feminino do Nordeste. Hoje, 8 de outubro é Dia do Povo Nordestino, e o Campo Delas te convida a conhecer a história dessa mulher que marcou a história do Brasil.
Quem foi Maria Bonita
Maria Gomes de Oliveira nasceu em 8 de março de 1911, entre as cidades baianas de Paulo Afonso e Glória. Filha de lavradores, foi a primeira mulher a ingressar no cangaço por livre e espontânea vontade, assumindo um papel de destaque dentro do grupo.
A biografia Maria Bonita – Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço, escrita pela jornalista Adriana Negreiros, revela curiosidades sobre a mais famosa cangaceira brasileira.
Durante a vida, ela era conhecida como Maria Déa (apelido de sua mãe). Aos 15 anos, casou-se com um primo que trabalhava como sapateiro. No entanto, o relacionamento era abusivo, marcado por traições e agressões físicas.
A violência doméstica fez com que Maria voltasse a viver com os pais. Foi na casa deles que conheceu Lampião, o líder do cangaço, em 1929, e iniciaram um relacionamento.
O namoro durou cerca de um ano. Em 1930, aos 19 anos, ela resolveu se juntar ao bando, tornando-se a primeira mulher a fazer parte do cangaço de maneira espontânea. O movimento, que surgiu no sertão nordestino entre o final do século XIX e início do século XX, misturava banditismo e resistência social.
Maria Bonita é descrita como uma mulher vaidosa: gostava de perfumes importados, maquiagem e joias que Lampião roubava para presenteá-la. Durante nove anos, esteve ao lado dele, atuando com protagonismo em um grupo marcado por crimes como roubos, sequestros, assassinatos e estupros.
A polícia matou Maria Bonita e Lampião em uma emboscada realizada em Sergipe, em 1938. Ela se tornou, desde então, um dos maiores símbolos da força feminina do sertão brasileiro.
Dia do Nordestino
Oxi, não se avexe, não! Que sem fuleiragem, você também vai entender por que 8 de outubro é a data dedicada a exaltar a cultura nordestina.
A criação do Dia do Nordestino aconteceu em 2009, por iniciativa do então vereador de São Paulo, Francisco Costa (PT), nascido no Rio Grande do Norte. A ideia era reconhecer a presença e importância da cultura nordestina na capital paulista.
Em 2024, o senador Ângelo Coronel (PSD) apresentou um projeto de lei para oficializar a data nacionalmente. O Senado já aprovou o projeto, que agora aguarda votação na Câmara dos Deputados.
Embora ainda não tenha virado lei, o Dia do Nordestino já é amplamente celebrado. Entre os homenageados pela data, estão o Rei do Baião Luiz Gonzaga, o poeta Patativa do Assaré e o cantor e escritor Catulo da Paixão Cearense, nascido em 8 de outubro.
Futebol feminino no Nordeste
Foi também no Nordeste que nasceram algumas das maiores lendas do Futebol Feminino brasileiro e mundial.
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Marta, eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo pela FIFA, nasceu em Dois Riachos, em Alagoas
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Formiga, ícone da Seleção Brasileira e recordista de participações em Copas e Olimpíadas, nasceu em Salvador.
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Sissi, umas das pioneira do futebol feminino na seleção brasileira e referência da modalidade nos anos 90, nasceu em Esplanada, na Bahia .
Os nove estados do Nordeste formam uma região que respira futebol. Com força, garra, vibração e torcidas apaixonadas, o Futebol Feminino nordestino segue avançando e buscando marcar seu nome na história do esporte nacional.