As gêmeas Beatriz e Bianca têm apenas 10 anos, mas já sabem o que querem ser no futuro: jogadoras de futebol. As duas treinam em um clube de Bragança Paulista e amam bater uma bolinha no final de semana. Os maiores incentivadores das meninas são os pais, que transmitem a paixão pelo futebol a elas na mesma proporção em que vibram justos pelo Red Bull Bragantino.
A história do envolvimento da família com o clube começou após a pandemia. Apesar da mãe, Andressa Guerreiro, e do pai, Milton Faria, sempre frequentarem as partidas do Red Bull Bragantino na cidade, eles nunca tinham levado as pequenas aos jogos. Após a liberação das medidas de isolamento, eles viram a oportunidade de apresentá-las à cultura do estádio. A experiência encantou Beatriz e Bianca, que se apaixonaram por aquilo que viveram.
O amor das jovens pelo Massa Bruta Masculino logo foi compartilhado com o surgimento da equipe feminina profissional; e um fator ajudou para que o envolvimento delas com o clube fosse cada vez mais intenso. A família mora ao lado do estádio municipal Cícero de Souza Marques, onde o Braga manda os jogos durante a reforma no Nabi Abi Chedid. A proximidade facilitou para que todos da família se tornassem sócios-torcedores. Na estreia das meninas do Massa Bruta no estádio contra o América-MG, pelo Brasileirão A1, todos estavam lá.
Presente do ídolo
Durante a jornada da equipe, uma jogadora, em específico, cativou os olhares das gêmeas. A goleira Thayla. A fascinação das irmãs por ela foi tanta que as pequenas levaram um cartaz que abriria portas para a realização de um sonho: ganhar a camisa da goleira do Braga. O desejo foi cumprido com sucesso e a família não perdeu o registro. Até foto com a goleira elas tiraram.

“Ela já tinha me pedido a camiseta no intervalo e eu disse pra ela que no final do jogo eu daria uma camiseta e assim foi. Eu desci no vestiário, ao fim da partida, e peguei uma camiseta de treino, autografei e dei para ela. Depois disso, a mãe dela veio falar comigo, dizendo que ela ficou muito feliz com o presente, só aí eu descobri que ela era gêmea. Depois, falei com minha supervisora e solicitei duas camisetas para que eu pudesse entregar para elas”, contou a goleira.

Andressa, mãe das meninas, conta que também teve seu papel na realização do sonho das filhas: “A Beatriz jamais achou que uma jogadora iria falar com ela. Quando a Thalya me mandou mensagem falando que queria dar uma camiseta para cada, eu fiquei muito feliz. Não contei nada para elas para que realmente ficassem surpresa quando isso acontecesse”, disse.
Depois do encontro, as meninas escreveram uma cartinha para Thalya e compraram um colarzinho com um pingente de chuteira para presenteá-la. “Prometi a elas que um dia iriam encontrar com a Thalya novamente e que elas poderiam entregar o que tinham feito”, destacou Andressa.
O encontro
E isso aconteceu, na última quinta-feira (10), em um evento aberto na Casa Red Bull, em Bragança Paulista. Thalya, enquanto recebia os fãs e autografava outras camisas, contava nos dedos o tempo para as irmãs chegarem. “Eu fiquei o tempo todo lá, ansiosa, pensando, ‘cadê elas que não chegam?’. Eu estava ansiosa para entregar as camisas a elas. E quando elas chegaram, com as caixinhas de presente, eu fiquei muito feliz. Não chorei na hora, mas quando eu cheguei em casa e abri…”, revelou a atleta.

A goleira não escondeu a emoção: “Saber que têm pessoas que se inspiram em mim, não só como profissional, mas como pessoa e como ser humano, é muito gratificante. Quando eu entro em campo, sempre tento mostrar um espírito de equipe, de força, de coragem, e foi exatamente isso que uma das gêmeas escreveu na carta. Que ela se inspira em mim, porque eu tenho coragem dentro de campo, força. Antes dos jogos, eu sempre peço para Deus me use de inspiração para outras pessoas, acho que meu objetivo está sendo alcançado. Lembrar das cartinhas me dá até vontade de chorar, porque é especial demais ler o que elas escreveram”.

Beatriz e Bianca ganharam a noite, o dia, o mês e vão guardar para sempre esse carinho. Thalya também.
“As meninas jogam demais e ver elas conquistando um espaço para elas é muito bom. Elas incentivam, dessa maneira, nossas meninas a jogarem bola. Mesmo que não seja de modo profissional, é uma prática saudável e um esporte divertido. Quando elas voltam da quadra, nos finais de semana, sempre contam dos gols e das defesas que fizeram nos meninos e nos adultos do bairro que acabam entrando na brincadeira”, contou a mãe das gêmeas.
Como promessa é dívida, Andressa, ano que vem, tem uma a cumprir: levar as meninas na peneira do Red Bull Bragantino Feminino. Pedido que veio das pequenas, depois de uma noite especial.